terça-feira, setembro 20, 2005

1922.

quis, bastando por algumas horas, envelhecer depressa.



tive vontade de sentir a vista borrar e o joelho falhar como se não fizesse mais parte do corpo, deslizando entre a perna já não tão forte assim. o quadril dolorido bem que podia me deixar sem ar de vez em quando, só pra combinar com a asma-minha-de-todas-as-noites.
desejei muito que as pessoas todas tivessem dificuldade pra me entender, achando que já estou senil e que não valho uma conversa boa.
senti que deveria ouvir só com 20% de um ouvido bom. seria mais seletiva, ao menos. essas porcarias de ultimamente todas passar-me-iam batidas.
meu íntimo pede que eu seja abandonada pelos meus filhos todos quando a coisa piorar, quando eu piorar. que eu more em uma casa de saúde (mental, convenhamos) para idosos que não têm para onde ir. eu tenho certeza de que atrapalharia a vida dos meus queridos. é muito justo, afinal. um abuso sem limites dar tanto trabalho, ousando estar no convívio de tão lúcidas criaturas, que não eu. quando pelas ruas, sinto, sinceramente, que preciso ser tomada de assalto por um marginal.
e que se dane a minha pressão alta, minha falta de equilíbrio, meu dinheiro de aposentadoria de tantos anos passados tendo dado sangue pela empresa dos outros. ou por um país que nunca me valorizou. quem se importa?
prefiro mesmo ser ignorada quando da tomada de decisões importantes. é muito válido não ter validade; isenta-se de tudo.
queria perder o paladar e ser alimentada só de papa. papa é que é bom, ave maria. toda hora, então... hum! um deleite, nossa.
eu quis envelhecer, sim. deve ser ótimo.



[83 incompletos.]

domingo, setembro 11, 2005

Porque não se fala em outra coisa...

Mudar de ares, conhecer gente nova, sair da minha pele, virar gente grande, mudar o mundo, ter uma visão do futuro, ter aquele frio na barriga, estudar feito louca, terminar tudo morta de cansaço e de feliz pelo que foi vivido e de triste por saber que passou tão rápido.

É um turbilhão de sensações, parece sempre ser uma estréia. Brincar de ser diplomata ou juíza, voltar no tempo, avançar nele, passar "tardes agradáveis em Genebra"... não tem nada igual.

Nota da redação: desculpem se esse post não fez o menor sentido; não era para fazer... eu só quis registrar, ou melhor, eternizar essa felicidade...